Cabeçalho

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terça-feira, 4 de setembro de 2018

TIMOR LESTE

Viemos à terra do sol nascente e parece que fizemos uma viagem no tempo...chegámos a Timor Leste! Um pouco estranho sentirmo-nos em casa estando a tantos km de distância.



Não são muitos os que falam português, no entanto, os bons dias são dados com frequência e com alguns apertos de mão, simpatia genuína desta malta.

Partimos de Bali com alguma ansiedade e vontade de chegar rápido à terra de que tantas vezes ouvimos falar na televisão, falamos de Timor Leste. Já tínhamos visto pelo custo do alojamento e pelo que nos tinham dito que iríamos gastar sensivelmente o dobro por dia do que estávamos a gastar na Indonésia!

E foi praticamente na chegada que sentimos o calor do povo desta terra. Passada que estava a burocracia do visto e alfândega, no pequeno aeroporto de Díli, onde andámos às voltas com a mochila em verificações e mais uns quantos papéis. Lá nos despacharam, e depois de caminharmos uns quinhentos metros para evitar pagar dez dólares por um táxi, apanhámos a microlet que ia em direção ao centro e ao nosso alojamento que, como já tínhamos dito anteriormente, nos ficou pelo dobro do preço do que pagávamos por norma na Indonésia, e bem mais básico, custos esses que nos limitaram um pouco nesta viagem.

Nessa mesma carrinha, sentimos claramente que estávamos em Timor, a música alta, um poster do Ronaldo e passageiros que nos cumprimentam com um bom dia "mau" e "mana", ali somos todos manos, deixam qualquer um mais à vontade.

Chegados à "guesthouse", não são muitos os alojamentos disponíveis, fomos recebidos calorosamente pela Lucia (que fala melhor inglês do que português), pousámos as mochilas e saímos para explorar um pouco a zona envolvente. Logo encontrámos a Luísa no Hotel Timor, uma portuguesa que é professora em Aileu com quem já tínhamos trocado umas mensagens no facebook. Logo ali ao lado comprámos um sim card para os dias seguintes, bem caro por sinal.

A Luísa ainda fez questão de nos levar a um supermercado com produtos portugueses ali perto, onde aproveitámos para matar saudades, uma vez que fazia já um mês e meio que não comíamos ou bebíamos nada com sabor a Portugal.


Voltámos ao alojamento para o jantar, acabámos por fazer lá as refeições todas as noites, logo nos juntamos a outros viajantes numa longa conversa com comida típica timorense e uma sopa pelo meio. A Ally do Canadá que vive no Quirguistão, e fala mais do que nós todos juntos, o Leo de 19 anos da Alemanha que tinha estado a trabalhar na Austrália, ao mesmo tempo que conhecia o país, a Sam australiana que era manager de um Eco resort em Atauro, para onde iríamos dali a dois dias e a Hyoko japonesa com uns 65 anos a viajar sozinha, com um inglês de difícil compreensão e a dormir na tenda, porque era mais barato, uma verdadeira personagem, nós que pensávamos que estávamos a viajar com um orçamento reduzido. 
Foi também em Timor que sentimos verdadeiramente que as férias tinham acabado e agora passávamos a ser mais exploradores do que turistas, se bem que turista nunca se deixa de ser :).

No dia seguinte saímos para irmos até à zona do Cristo Rei, nos arredores de Díli, que vale claramente a visita quando estiverem na zona. Passámos o resto do dia a dar uns mergulhos nas praias ali ao lado, de água quente e cristalina, não sem antes a Lili tentar contar as escadas que dão acesso ao Cristo Rei com o rabo, o verdadeiro bate cu. Ainda deu para assustar, mas ao final do dia deu para perceber que seria apenas uma nódoa negra e algumas dores nos dias seguintes.

Tivemos algumas conversas com Timorenses que nos abordaram para uma foto ou dois dedos de conversa, curiosos para saberem de onde éramos e até espantados por sermos Portugueses em turismo (por norma são voluntários ou professores) e voltámos ao alojamento para mais uma jantarada num conceito familiar com o pessoal que tinha chegado da Áustria, EUA e Brasil. Aproveitámos para combinar a saída do dia seguinte no ferryboat para Atauro, a ilha que fica ao largo de Díli e que é visível da capital Timorense.

Entretanto, tinha chegado a Joana, madeirense, que tinha estado na Austrália por dois anos, entre trabalho e viagens, estava agora a viajar pela Ásia até ao regresso à Madeira pelo Natal. Parecia que toda a gente que por ali passava tinha uma história verdadeiramente inspiradora, era mais uma.

Seis e meia da manhã e já estávamos a acordar para ir apanhar o ferry que nos levaria à ilha. Comprados que estavam os bilhetes, era altura de esperar que carregassem o barco com arroz, mais alguma mercearia, galinhas, armários, carrinhas ou até um porco e chegava a nossa hora de embarcar, uma pequena espera de meia hora em relação ao que estava previsto.

Foram quase quatro horas de navegação, andava devagar devagarinho, até atracarmos na ilha que é conhecida pela biodiversidade das suas águas. Apanhámos uma pequena boleia pela estrada de terra batida até ao alojamento e, pouco depois, já estávamos instalados. Foi pousar a mochila no dormitório que tínhamos reservado com a Ally e o Leo e estávamos prontos para ir almoçar qualquer coisa rápida, a vontade era de entrarmos na água o quanto antes.



E assim foi, equipamento de snorkeling alugado e siga para a praia que ficava mesmo na frente do nosso bunglow. Foi até a pele dos dedos ficar velhinha, a transparência e temperatura da água eram as ideais para a prática, assim como a beleza dos corais e algumas dezenas de peixes que conseguíamos avistar. Disse o staff do alojamento que ali os crocodilos não chegam porque existe um fosso gigante entre aquela ilha e a ilha principal onde os bichinhos costumam habitar. Ficámos mais tranquilos.

Foi a nossa primeira experiência num eco resort, não tínhamos água quente, luz depois das 21h e o wc com uma sanita de combustão, que curiosamente não cheirava mal.

A jantarada foi com a mesma equipa, a quem se juntou um grupo de franceses que fazia voluntariado em Timor e estava a relaxar ali uns dias. Seguimos a pé para o nosso alojamento pela principal estrada da ilha em terra batida e sem iluminação, onde tivemos provavelmente o céu mais estrelado de sempre, tal era a nitidez.

Novo dia de snorkeling, juntamente com mais alguma malta que foi no mesmo barco para fazer mergulho e novamente noutra zona conseguimos avistar o coral que circunda a ilha. É de uma grande beleza, colorido e com grande variedade de peixes, mas o que mais nos impressionou foi sem dúvida o tal fosso, era como se tratasse de um precipício ali a poucos metros da praia, incrível mesmo. No dia seguinte era hora de voltar no mesmo ferry que nos tinha levado, mas esse não chegou, lá tivemos que voltar no barco rápido que tinha um custo para estrangeiros 3 vezes superior ao ferry. Este tinha classe vip, diziam eles, que significa por estes lados, rapar um frio do catano com o A/C no máximo. Foi o que aconteceu!

Decidimos alugar uma mota e explorar um pouco mais a zona em redor de Díli, as estradas estão bastante degradadas, pelo que se demora bastante tempo a percorrer uns míseros quilómetros. Juntando a isso o terreno acidentado, para o qual tínhamos sido alertados pelo dono do alojamento, mas como de costume não ligamos muito a isso e foi só diversão, as costas e a mota é que não acharam grande piada.

Passámos por Aileu e Maubisse quando decidimos voltar para ver se chegávamos a tempo de ir ao Aeroporto e receber o reembolso do voo para Bali, que já não queríamos apanhar no dia seguinte e que a companhia nos fez o favor de cancelar. Decidimos ir por um “atalho” que nos levava em direção a Gleno e dali tinha estrada normal até Dili, mas não foi grande ideia…metade do caminho estava em tão mau estado que a Lili teve que sair da mota algumas vezes para conseguirmos passar. Raramente nos cruzamos com alguém no caminho o que nos estava a causar alguma apreensão, no caso da mota ter algum problema, não ia ser fácil sair dali.

Mas tudo correu pelo melhor, com a vantagem de termos visto paisagens bem diferentes do que tínhamos visto até ali e algumas das aldeias mais remotas da zona. Chegados ao aeroporto, parecia que tínhamos feito um safari, tal era a quantidade de pó. Infelizmente não tivemos sorte porque já não tinham dinheiro disponível, teríamos que voltar no dia seguinte.

Demos mais umas voltas na zona de Díli e, quando estávamos perto da praia do Cristo, sentimos algo estranho na mota…era um furo! Voltámos para trás e parámos na “oficina” mais próxima, onde se apressaram a mudar a câmara, que tinha trilhado, provavelmente no “atalho”. Voltámos depois ao alojamento, já chegava de aventura.

Inicialmente sairíamos de avião desde Díli, mas alterámos o plano e fomos por terra para o lado Indonésio até Kupang, era a opção com o voo mais barato. Apanhámos a microlet e seguimos para o escritório da companhia aérea para receber a massa, uns dólares extra no bolso e estávamos prontos para o almoço e para comprar o bilhete de mini bus até Kupang. Conseguimos reservar a viagem para as duas da manhã, disseram eles que nos vão buscar ao alojamento e nos deixam na fronteira por 5€, pareceu-nos bem!

Passámos o resto do dia a relaxar e na conversa com um belo jantar de família no final. Houve ainda tempo para a Lúcia nos presentear com umas guitarradas acompanhadas de música portuguesa, o que ajudou a matar um pouco as saudades de casa.

Deitámo-nos um pouco à espera do transporte, mas nunca chegou…eram já as sete da manhã quando acordámos, cansados porque não dormimos grande coisa. Seguimos para o local onde a Paradise travel tinha a sua sede em Díli, esta empresa fazia o percurso de Díli até Kupang cerca de 450km em 11h, ia ser um belo passeio, comprámos os últimos 2 bilhetes e arrancámos às 9h, precisamente à hora marcada, algo raro em Timor 😄.

Aproveitámos a viagem para ir vendo uma zona em que ainda não tínhamos passado, bem junto à costa na direção da fronteira com a Indonésia. Chegaríamos três horas mais tarde, burocracias ultrapassadas e estávamos prontos para passar para o outro lado.

Já do lado Indonésio, fomos chamados ao gabinete do chefe da emigração, não são muitos os turistas a passar por ali, então queria conversa. Mas pouco depois já estávamos despachados e o mini bus do outro lado à nossa espera.


Curiosidades:

Ainda está muito por fazer nesta terra que tem um potencial incrível, talvez por ser um dos países mais jovens do mundo - só alcançou a independência em 2002.

As estradas estão a ser reconstruídas, o que torna qualquer deslocação num verdadeiro teste à perícia do condutor, para além do tempo que é necessário. No único dia em que alugámos uma mota por 19 euros (uma fortuna, preço normal por estas bandas é 3 ou 4 euros) parecia que tínhamos feito um safari tal era a quantidade de pó.

Os horários dos transportes são conforme o vento, é aparecer e logo se vê se o barco sai ou se o autocarro vem.
No entanto, a beleza e diversidade de paisagens que encontrámos, praias paradisíacas, algumas com crocodilos (dizem eles, não vimos nenhum), assim como a amabilidade dos timorenses foi o que mais nos marcou. Ali os sorrisos ainda não vêm atrelados à carteira do turista e isso foi algo que nos agradou bastante.

Não deixem de visitar a ilha de Atauro, ótima para snorkeling e mergulho. Tem o céu mais estrelado que vimos nos últimos tempos.

Outros sítios de interesse são a ilha de Jaco, Baucau e a montanha Ramelau. Infelizmente o tempo foi pouco para os visitar, mas assim já temos mais motivos para voltar.

Um timorense ganha cerca de 80 euros/mês, pouco menos do que um indonésio, o problema está no custo de vida, quase tudo é mais caro do que do outro lado, fácil será perceber que levam uma vida bem mais difícil.

Os seus principais parceiros são a Indonésia e a China, que dominam quase todo o comércio em Díli. A Austrália país com um custo de vida muito alto e, claro Portugal, de onde chegam alguns bens. A distância e o tempo que demoram a chegar faz com que os produtos fiquem praticamente ao dobro do preço de Portugal.

Em Timor têm mais de 30 dialetos, apesar da língua oficial ser o Português, entre eles falam o Bhasa (indonésio) para se entenderem.

Microlet – transporte dentro das cidades (25 cêntimos) e ainda ouvem os hits do momento!

Biskota – faz as ligações para as distâncias maiores.

Táxi – mais caro.

Alugar um carro – custa uns 100 dólares por dia.

É sem dúvida um paraíso para o btt, para quem gosta de jipes e todo o terreno.

Dicas:

A moeda usada é o dólar, só em moedas usam uma espécie de escudo timorense. Se conseguirem trocar dólares em algum dos países vizinhos é o ideal, caso não consigam, não são muitos os lugares para fazer pagamentos com cartão.

O Wi-Fi não funciona muito bem, pelo que aconselhamos a compra de um sim card, podem comprar no hotel Timor por 10€ com 3 GB, é válido por 15 dias, podendo ser carregado se necessário.

Ferry para visitar Atauro - 5€ demora 4 horitas mas até se faz bem. Se por acaso não houver ferry, costuma haver um barco rápido por 16€ e só demora uma hora. Em última instância, e se tiver mesmo que ser, ainda existem barcos táxi por "apenas" 40€.
Para o nosso regresso à Indonésia utilizámos o mini bus desde Díli até Kupang por 20€, são 12 horas de muitos solavancos, mas paisagens muito bonitas e claro, música sempre a bombar.

Apesar de serem cada vez menos os que falam português e de ser o sítio mais longe de Portugal onde tínhamos estado até à data, foi também onde nos sentimos mais perto de casa.


Obrigado, Timor Leste...esperamos voltar em breve!


Visto: Feito à chegada e isento de taxas para 90 dias.

Mais info aqui.

timor leste











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