Cabeçalho

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terça-feira, 5 de novembro de 2019

IRÃO

Irão, estamos na antiga Pérsia


Tabriz, Ramsar e Teerão

Ao contrário do que já tínhamos lido, foi bastante fácil e rápido o processo na fronteira, então quando viram a nossa nacionalidade, mais fácil foi. Não há registo fotográfico do local, porque dizem não ser muito aconselhável, mas foi talvez uma das fronteiras mais bonitas de sempre, com todas aquelas montanhas em redor e um cenário meio lunar.


Já depois de termos trocado o que tinha restado de dinheiro arménio, por uma taxa não muito favorável, embora bem superior às que dizem as aplicações de câmbio (no Irão os "nossos" cartões não funcionam, nem o revolut), seguimos em direção à estrada principal.

Ler ao som de Janam Bash, uma das músicas que marcou a nossa passagem por este maravilhoso país que é o Irão.


dinheiro iraniano
Já era final de tarde e não haviam transportes públicos, seguimos até a estrada principal e poucos passos dados no lado iraniano, já parava um carro com dois simpáticos senhores que iam precisamente para Jolfa, a cidade para onde queríamos ir naquele dia, começava assim a nossa viagem quase sempre á boleia no Irão.
Todo o caminho é feito ao longo da fronteira, inicialmente com a Arménia, e depois com o Naquichevão, um território que pertence ao Azerbeijão. É uma espécie de serpenteado ao longo do rio e com montanhas de ambos os lados. Simplesmente espetacular!

Um dos aspetos mais engraçados no Irão, é que alguns iranianos têm por hábito rejeitar o dinheiro na primeira tentativa ou até segunda de pagamento. Foi o que aconteceu no hotel onde passámos a primeira noite quando tentámos pagar e que voltou a acontecer por diversas vezes durante a viagem, dizem-nos que não é preciso...que pagávamos depois, como quem diz faz-te mais falta a ti do que a mim.
É engraçado, mas que não o façam muitas vezes, que ficam sem ele. Outra é pedirem 50$, por exemplo, nós darmos o montante exato e darem 5$ de troco. Ali quem recebe a gorjeta somos nós.

Havia apenas um comboio por dia para Tabriz, pelo que decidimos ir num táxi partilhado, custou 4€ para os dois por 130 km. Inicialmente, ainda pensámos que era de borla, porque era um carro normal e parou quando estávamos a pedir boleia. No trajeto, parámos para um chá que gentilmente nos ofereceu.



Chegámos a Tabriz, a cidade onde está o maior bazar coberto do mundo. Como podem imaginar, há vendedores em tudo o que é lugar, é deveras impressionante. Fomos abordados diversas vezes por pessoas que nos perguntavam de onde éramos e nos cumprimentavam. Uma delas até nos ajudou a comprar um cartão de internet.
Fomos até à aldeia de Kandovan, onde ainda há malta que vive numas casinhas escavadas na pedra a fazer lembrar a Capadócia e ali ainda vimos alguns turistas, tinham sido muito poucos até então.


Quando voltámos à cidade, e enquanto vagueávamos pelas ruas, fomos interpelados por um simpático senhor, de seu nome Ali, que gentilmente nos convidou a visitar a sua loja e a escrever no seu "livro de turistas". Eram já mais de oito mil assinaturas, disse, acedemos, apesar de alguma desconfiança, temos de confessar.

Foi o melhor que podíamos ter feito, ainda nos ofereceu um chá, uvas e um postal, entre dois dedos de conversa. O homem é famoso e vai lá muita gente só para o ver. São estes momentos que fazem a diferença numa viagem. Entretanto, ainda fomos "entrevistados" para o canal de youtube de um Paquistanês bastante cómico que também lá tinha ido, surreal.




O próximo destino foi Bandar Anzali, que não foi grande escolha, mas para lá chegar, tivemos que percorrer mais de 600km, 450 deles à boleia com o Vardil, motorista de entregas, um porreiraço, que ainda parou para tirarmos umas fotos às bonitas montanhas que mais parecem um arco-íris que se iam vendo pelo caminho, ou simplesmente para descansar um pouco. Deixou-nos em Qazvin, comemos algo e apanhámos um autocarro até ao nosso destino. Aproveitámos para descansar, já que não havia grande coisa para ver e as praias do mar Cáspio estavam longe de serem agradáveis, pelo menos naquela altura do ano.
No Irão, por norma, os passaportes são deixados no alojamento...pois, ficaram lá. Já estávamos a mais de 50km quando demos por ela, voltámos para trás e seguimos novamente até Ramsar. A zona é bem mais verde do que aquilo que tínhamos visto até aqui. A proximidade do maior lago do mundo faz com que as árvores ainda consigam sobreviver, o ar é mais fresco e menos poluído ou com menos pó, pelo menos. Não explorámos muito a zona devido ao tempo chuvoso, pelo que decidimos ir para Teerão no dia seguinte.


Os autocarros saíam às quatro da tarde e, como a viagem é demorada, iríamos chegar a Teerão já bastante tarde e ainda faltava muito tempo, decidimos tentar a boleia. Estava a chuviscar, o que não nos era muito favorável, mas fomos na mesma. Pouco depois, surgiu a primeira que nos levou até à saída da cidade e uma outra até à cidade seguinte. Estava a correr bem até que começou a chover bastante. Estávamos no meio de uma cidade e não havia transportes, à exceção dos táxis ou carros partilhados. Não estava fácil de distinguir quem era quem e eles iam parando a oferecer boleia em troco de 2€ por quase 80km. O tempo não dava tréguas até que decidimos ir num deles.

Poucos quilómetros mais à frente, entra um outro passageiro e, depois de alguma conversa, até falava bem inglês, disse-nos que tinha todo o gosto em pagar a nossa parte. Como é óbvio, agradecemos e dissemos que não, mas insistiu e disse que fazia questão por sermos turistas e quem gostam de receber bem, acabámos por aceitar. É para nós difícil explicar isto, apesar de já nos terem relatado situações parecidas, cada vez ficávamos com a sensação que esteve povo é diferente.



O tempo melhorou e pedimos ao motorista para nos deixar junto da entrada da autoestrada. A bexiga estava cheia, e foi ali bem perto que a situação se resolveu. Já a Liliete ficou à espera que um wc caísse do céu...e não é que apareceu uma senhora a perguntar se queria ir a casa dela ali perto...Lá fomos, e pouco depois, já estávamos de volta à luta. Não demorou mais de cinco minutos, parou o Sr. Fardil que ia precisamente para Teerão, foram mais de cinco horas por uma estrada espetacular que vai serpenteando as montanhas. Arranhava no inglês e fomos falando um pouco de tudo durante o percurso, de cada vez que percebíamos o que pretendia dizer, "tau" mais uma lapada no braço, ao mesmo tempo que dizia "yes, yes, very gooood!" Acho que o braço ficou meio negro.
Um dos temas abordados foi, claro, o que os EUA estão a fazer e disse várias vezes "Não somos terroristas, somos boa gente, muito amigável, um país muito bonito e acolhedor, nós expulsámos daqui os do €st@do isl@m1co, não merecemos isto." Nota-se que ficam bastante tristes com o que o mundo ocidental pensa deles.


E essa é a verdade, é realmente um povo especial, estamos a adorar. Já na capital ainda fez mais uns quilómetros para nos deixar numa paragem de autocarro na entrada da cidade e foi ali que um simpático rapaz que estava á espera de um amigo, nos deu boleia e o seu contacto para o caso de precisarmos de ajuda, levaram-nos até ao centro, não conseguimos explicar isto.

Teerão é gigante, tem alguns bairros com lojas que vendem produtos para um ramo específico, nós ficámos na zona dos acessórios para automóveis. Não dá para usar o booking, porque não funciona no país, a solução foi procurar os alojamentos no maps e contactar diretamente.


Ficámos apenas duas noites, pensámos que seria suficiente para se visitar os principais pontos de interesse, como o palácio do Golestan que é incrível, a ponte de Azadi e a zona do parque Teleghani, muito procurada para piqueniques. As deslocações são fáceis e baratas, a viagem de metro custa cerca de 10 cêntimos com o atual câmbio. Somos tão parecidos com os iranianos que nos pediram ajuda várias vezes no metro.

Da capital até Kashan fomos de autocarro, pagámos 2€ por 250km, com direito a sumo e um bolo, num dos autocarros mais luxuosos em que já andámos.
Decidimos experimentar o Couch surfing pela primeira vez e já vos contamos como correu e em que consiste.



Pouco depois de termos chegado a Kashan e comido um kebab de frango, a comida aqui fica a perder para tudo o resto, na nossa opinião, chegou o casal que nos deu guarida nessa noite. Foi a primeira vez que experimentamos esta plataforma, em que podemos ficar na casa de outra pessoa de forma gratuita, ou oferecer a nossa. Demos um passeio pela cidade antiga de Kashan, antigo castelo, mesquita e o jardim Finn, foram alguns dos pontos. Já no final do dia seguimos para a casa onde ficámos a dormir, ficava a 20km da cidade, já numas montanhas onde o ar era bem mais fresco. Jantámos e ficámos por ali a conversar e a jogar às cartas.

Este casal casou-se com 22 anos, pelo que percebemos para poderem estar mais à vontade juntos, não são praticantes da religião e sentem até revolta por serem obrigatórias uma série de coisas relacionadas com a mesma. Falámos ainda da questão política e económica que assola o país. Com o aumento de sanções, são eles os que nada têm a ver com o assunto que mais sofrem, os seus rendimentos caíram dois terços em relação há 2 anos, sim, porque quem tem poder, tem investimentos fora do país e não é afetado pelas sanções. O custo de vida é baixo se compararmos com o nosso caso à taxa de câmbio atual, mas por outro lado o ordenado médio anda nos 150€ e para esses que têm esse tipo de rendimentos é complicado.

Dormimos no tapete, bem à antiga moda da Pérsia, não diríamos que foi confortável, porque não estamos habituados, mas supostamente é melhor para as costas.
Quando nos levantámos tínhamos o pequeno almoço pronto e era hora de arrancar, perguntamos se nos poderiam levar até uma aldeia que ficava a 40km, que pagávamos a gasolina, aceitaram com gosto. E lá fomos até Abyaneh, encaixada no sopé de uma montanha, com casas construídas de uma forma tradicional com barro e palha, algumas já mais recentes têm blocos no interior. Almoçamos por ali e já nos deixaram junto à entrada da autoestrada, pelo caminho passámos por uma central nuclear que nos chamou atenção por ter no mínimo umas 10 anti-aereas.

Pouco depois de nos despedirmos parava o primeiro carro, com quem seguimos uns kms, até que mais à frente tivéssemos que apanhar uma outra boleia, estes sim já iam para Esfahan. Não íamos a grande velocidade, mas o radar da polícia acusou 20km\h a mais do que o permitido e pimba...multa. Pouco depois chegámos a Esfahan, entrámos numa das estações do novo metro e seguimos para a zona mais central em busca de um sítio para ficar, só ao quarto alojamento a coisa se deu, ou por ser acima do orçamento ou por não agradar, fomos seguindo. Entretanto, já tínhamos recebido o convite para um encontro da Sanah com quem nos encontramos no dia seguinte, já depois de termos andado a descobrir o que esta bonita cidade tem de mais belo. A praça Naqsh-e Jahan e toda a sua envolvência são lugares a não perder, existe uma particularidade no Irão relativamente ao preço dos bilhetes para as atrações, quase todos custam 200mil riels, ao câmbio actual, qualquer coisa como 1.65€.


Demos umas voltas, parámos para comer algo, conversas de viagens claro, religião e política também não faltou. Até que a Sanah perguntou se já tínhamos ido à ponte que canta, perguntámos do que se tratava e dissemos imediatamente que queríamos ir lá.
Nesta ponte, juntam-se quase todos os dias várias pessoas para cantarem músicas que são proibidas neste momento no Irão e assim de uma forma alegre, protestarem contra as restrições de que são alvo por estes dias.
A plateia é vasta, homens e mulheres de todas as idades, quase na escuridão, na parte de baixo dos arcos desta ponte lindíssima. Foi um dos pontos altos da viagem até ao momento, podermos estar ali e de alguma forma prestar a nossa solidariedade e sentir um pouco do que sentiram os nossos pais em outros tempos.

Desde a última revolução que são proibidos ajuntamentos pelo que de vez em quando lá vem a polícia, por norma não têm grande sorte, porque o aviso (Akbar) corre de boca em boca, a avisar que eles aí vêm.

No dia seguinte a descoberta da cidade continuou e no final do dia, fomos a um encontro com uma malta do Irão, para que todos pudessem praticar o inglês, conhecemos mais algum pessoal e ficámos também a saber um pouco mais sobre o país, claro que também falamos do nosso, pois a curiosidade como deves imaginar é grande.




Yazd foi o destino seguinte, cidade bastante antiga e cheia de história. Por estes dias os autocarros são escassos ou estão cheios, devido às "festividades" pelo falecimento há uns 700 anos do Emam Hussain, decapitado em Kerbala, no Iraque. A solução foi ir de boleia mais uma vez, desta feita de camião, daqueles que transportam petróleo.

Em Yazd, por ser uma cidade mais religiosa e antiga, ainda se vê mais gente vestida de preto em sinal de respeito e mais ainda nesta altura das celebrações.

Nesta cidade não faltam as tradicionais mesquitas, que se vestiam a rigor para os festejos a azafama era grande. Mas os pontos de visita quase obrigatórios ficam mais afastados da cidade, como a aldeia de Kharanagh, com o seu castelo já muito deteriorado mas com umas vistas maravilhosas e, a aldeia de Chak Chack, conhecida pela ligação à religião zoroastriana, sendo mesmo um dos locais de peregrinação.


Em Kharanagh ainda fomos convidados por um casal para beber um chá e comer romãs, depois de os termos cumprimentado na rua com o tradicional Salam.


Fizemos estas duas visitas sempre à boleia e, mais uma vez, foi extremamente fácil. Entre elas de três senhores que regressavam do trabalho nas minas e iam passar o fim de semana a casa e outra de um casal com uma filha pequena, com quem almoçámos, bebemos chá e conversámos, e que até fizeram questão de nos deixar à portinha do hotel.


Afastámo-nos de Yazd em direção a Shiraz por alguns km com duas boleias, até que apanhámos uma de um senhor que nos levou quase até meio do caminho. Ainda nos ofereceu sumo e andou uns km a mais só para nos encontrar outra boleia, deixou-nos junto a um check point onde pediu ao policia que lá estava para ver se alguém nos ajudava. Seguimos depois com um casal que nos negou boleia da primeira vez que pedimos, talvez com algum receio destes dois malfeitores, mas depois de termos mostrado os passaportes, lá acederam. No caminho, parámos para almoçar e fizeram questão de nos pagar o tacho e ainda pediram desculpa por terem desconfiado. Escusado será dizer que não fazia mal e que tínhamos gosto em pagar o deles, mas não deixaram.

Quando chegámos a Shiraz, fomos a um hotel tradicional que tínhamos marcado no "maps", e tinha boas reviews, mas como estava cheio, o rececionista levou-nos a outro ali bem perto, mais recente e com muito bom aspeto e lá ficámos. Já depois de estarmos instalados, foi bater à nossa porta para nos oferecer um doce típico iraniano, ficamos meio embasbacados e agradecemos.




Shiraz tem talvez as mesquitas, jardins e palácios mais deslumbrantes que vimos no país. Enquanto cidade, não a achamos tão bonita como outras que visitámos no país. Tinhamos feito contacto novamente com uma miúda iraniana que queria praticar o ingles e nos foi mostrando a cidade e alguns pontos menos turísticos num dos dias.
Imperdível é também a visita a Persépolis, a 50km do centro, ou ao lago rosa, que só vimos quando saímos da cidade e percebemos que não era a melhor altura.

Apanhámos um "Snapp" para os arredores de Shiraz e foi na segunda boleia com o Shorab que os planos se alteraram. Já depois de alguns quilómetros, parou para o famoso gelado da zona, sumo de cenoura com uma bola de gelado dentro do copo, seguiu-se o convite para almoçar, que decidimos aceitar, ligou para uma das suas duas mulheres a avisar que estávamos a caminho. Ainda andámos uns bons kms a fugir à estrada principal, até que chegámos à sua aldeia. Almoçámos na sua casa e, pouco depois, surgiu o convite para passarmos a noite; como estávamos com tempo, dissemos que sim, porque não?!?


Mostrou-nos as suas propriedades ali e na cidade mais próxima, e alguns pontos mais turísticos na zona, até que nos dirigimos à casa do irmão, bem no meio das plantações de algodão e foi ao luar que jantámos.
Dormimos no chão da sala, onde costuma dormir cada vez que as duas mulheres estão na mesma casa, como ficamos na sua cama, dormiu no alpendre ao luar. E foi lá que surgiu o convite para ficar mais dias, durante o pequeno almoço, onde o fazem todos os dias em família, disse, mas era tempo de seguir caminho e não queríamos abusar. Ficou a ideia de que ficaram tristes a pensar no que não nos teria agradado. Levou-nos até à estrada principal onde demos um abraço de até um dia destes.

Pouco depois, já estávamos num outro carro, desta vez um sr. já com alguma idade que até falava bem inglês, tinha estado na marinha e viajado muito. Convidou-nos para ir ver uma mesquita muito antiga na sua aldeia, que era rápido e íamos gostar. "Olha, vamos", dissemos nós. "E agora vamos só ali à minha casa para cumprimentarem a minha família", diz o senhor e nós lá fomos, onde já tínhamos visto este filme, pensávamos...


Só não estávamos à espera de serem uns 50. Fotos para trás e para a frente e muitos apertos de mão depois, estávamos sentados na sala já prontos para almoçar, eram onze da manhã. Estava agradável a conversa mas tínhamos mesmo que ir, ainda faltavam uns bons km até Bandar Abbas.
Ainda nos tentou ajudar com a boleia, mas dissemos que não era preciso e lá foi ele. Pouco depois, um dos tais carros partilhados parou, mas dissemos que estávamos à boleia que não poderíamos pagar, disseram-nos para entrar na mesma, ainda foram uns bons km até nos deixarem junto à sua aldeia. Estava bastante calor e não havia nada nas redondezas, até que passa um carro com dois homens, que nos tinham dito que não anteriormente, deu a volta para nos vir buscar, fomos com estes dois simpáticos senhores até à entrada da cidade.

Em Bandar Abbas estava um bafo que nem dá para explicar, pelos vistos, no pico do verão, as temperaturas chegam aos 50º, estávamos com sorte com estes 35°. Procuramos um alojamento e por lá ficamos na fresca até á hora de jantar, em que saimos para conhecer um pouco a cidade, o movimento era completamente diferente.
Já no dia seguinte, seguimos de barco até Hormuz, haviam vários feriados seguidos e muita malta de férias, os alojamentos são poucos e ou estão cheios ou são caros. Mas lá arranjámos um lugar para ficar. Os preços na ilha são bastante inflacionados, mesmo para os Iranianos e a única hipótese forma de conhecer a ilha foi dividir o tuk tuk com uma família que vinha de Shiraz.


A ilha tem uma paisagem particular, com imensas formações com cristais de sal que fazem lembrar aqueles filmes onde mostram a nave a aterrar num meteorito. Outras zonas com terra vermelha ou um mix de cores improvável num espaço relativamente reduzido. O pior é mesmo a única aldeia existente, onde até está um forte feito por nós, Portugueses, onde se foram construindo casas sem grande regra e a recolha de lixo deve ser tão rara como a chuva que por ali cai.

Seguimos para Qeshm, que também tem um outro forte, este mais pequeno e em pior estado, onde permanecemos dois dias. Aproveitámos para estudar e preparar o próximo destino, o Nepal e descansar um pouco. Nesta zona temos comido bastante bem, com pratos à base de peixe e camarão 'meigu' é mesmo muito bom, mas para o picante.
Saímos do país de barco em direção a Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, serão 12h e de lá apanharemos um avião para o Nepal.

O barco acabou por demorar mais do que o previsto, assim, saímos 4h mais tarde de Bandar Abbas no Irão e acabámos por chegar aos Emirados Árabes Unidos, já por volta da uma da tarde.

Pagámos 43€ cada um pelo barco para os Emirados, este sai às segundas, quartas e sábados pelas 21h, o jantar e o PA estão incluídos, e convém marcar no dia anterior. Foi mais cansativo, mas gastámos menos 50€ cada um, do que a voar do Irão para o Nepal diretamente.

O problema foi a obtenção do visto nos EAU, demorou cerca de duas horas até sairmos do porto. Não muito longe dali, atravessámos o canal que separa aquela zona, da cidade de Sharjah, num barco daqueles bem antigos, pagámos 25 cêntimos cada um. Andámos alguns km, com uma pausa para almoçar pelo meio, até uma das estradas que liga ao aeroporto e começámos a pedir boleia. Não foi fácil, só 3 pararam e só um ia na mesma direção. Mais tarde, este emigrante indiano explicou que é ilegal dar boleia nos Emirados. Fez mais uns km do que o suposto para nos deixar mesmo à porta.

Estivemos 27 dias no Irão, entrámos pela fronteira terrestre com a Arménia, passámos por Tabriz, Ramsar, Teerão, Kashan, Esfahan, Yazd, Shiraz, ilhas de Ormuz e Qeshm e saímos de barco para os Emirados por Bandar Abbas.

Curiosidades:


O calendário é diferente do nosso, no Irão estão no ano de 1398.
São persas e não árabes, mas as guerras de há uns anos valentes fizeram com que se tornassem maioritariamente muçulmanos, apesar de não ser a sua religião, língua ou até ideologia, mas é a que está em vigor e adotada por quem manda (diríamos que metade não concorda).

Há relógios em tudo o que é lugar, pensamos ser por causa da reza.
Há muitos gatos e poucos cães, estes últimos são considerados animais impuros pelos muçulmanos e é proibido tê-los como animal de estimação.

É comum fazerem um desconto ao preço dito inicialmente, mesmo depois de o termos aceitado. Pedem 50 por exemplo e dão 5 de troco. Em alguns casos, dizem até que não querem ou não precisam quando estão a cobrar por um serviço, só aceitam à segunda, é algo cultural.
A maioria dos carros são Peugeot antigos que ainda são produzidos por estes dias no país (modelos com mais de 20 anos) e o Saipa, a marca iraniana.

Bebem chá a toda a hora, com a particularidade de alguns meterem o cubo de açúcar à boca.
Sumo de cenoura com gelado é típico daqui.
Geralmente, não há papel higiénico nas wcs públicas, nem em muitas privadas, usam o chuveirinho para se limparem.

Os cartões multibanco não funcionam aqui, salvo raras exceções, por isso convém trazerem o dinheiro que supostamente iram gastar.
Há uma série de apps como o FB que não funcionam, pelo que é necessário um VPN, para o caso específico, há um bom iraniano "20speed.in".
Em Teerão, a melhor maneira de andar é de metro, 10 cêntimos por viagem.
Todos ou quase todos os produtos têm gravado o preço, normalmente junto à data de validade, convém é aprender a ler os números em farsi.
Podem ver a taxa de câmbio real em www.mex.ir , quando lá estivemos era 1€=126000riel e não 48000 que dizem as apps.

Para deslocações de pequena distância, mas grandes para ir a pé, a aplicação Snapp(Uber) é uma excelente opção.
Todos os dias são bons para um piquenique, mas a 6ª feira é o dia perfeito. Também são fãs de acampamentos.
São proibidos filmes estrangeiros.

Em algumas universidades são proibidos relacionamentos com o sexo oposto, seja como namorado/a ou amigo/a, escusado será dizer com pessoas do mesmo sexo.
Mulheres não podem andar sozinhas de bicicleta ou mota, só de carro.
A lei da Sharia está em vigor pelo que o Hijab é obrigatório, entre outras coisas, mesmo para estrangeiros.
É mal visto os homens andarem de calções.
Se não forem ao serviço militar, não podem ter passaporte ou trabalhar para o Estado, por exemplo.

Sim card - Dá jeito e 10gb custam menos de 3€ para 1 mês.


Algumas palavras que aprendemos...

Salom Rubi - Olá como estás
Rubame - Estou bem
Farsi balade nistam - Eu não falo farsi
Inglisi baladi? - Falas inglês
Rodaaféz - Adeus
Kojamiri - Onde vais
Pull na daram - Não tenho dinheiro
Tuss na daram - Eu não gosto
Chande? - Quanto custa?
Afarine - Excelente
Guxnama - tenho fome
Rube - bom
Balé - Sim
Nah - Não
Bastani - Gelado
Apbe - água

1 – ۱ yek
2 – ۲ do
3 – ۳ se
4 – ۴ chahâr
5 – ۵ panj
6 – ۶ shesh
7 – ۷ haft
8 – ۸ hasht
9 – ۹ noh
10 – ۱۰ dah

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2 comentários:

  1. Que viagem!Que experiência de vida!Tanto conhecimento! Parabéns e obrigada pela partilha! Bjnhs

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    1. Muito obrigado pelo teu feddback. Sim, foi dos países que mais gostamos de conhecer, achamos que ficou bem vincado no testemunho. Obrigado.

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