Cabeçalho

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

NEPAL

Na terra onde nasceu Bhuda


Depois de doze horas de espera no aeroporto dos EAU e outras tantas na viagem de barco do Irão, tinha dado jeito conseguir dormir. Acabou por acontecer, mas já durante o voo, porque tivemos a sorte de nos deixaram um lugar sem ninguém.


Já depois de aterrarmos, veio o processo de visto na chegada mais demorado que já vimos, chegámos na hora de ponta e isso não ajudou, mas não se justificam as quatro horas de espera, principalmente por terem mais chefias do que trabalhadores propriamente ditos. O cansaço acumulado era grande e isso também não ajudou.



Com a demora, e já depois de termos comprado um cartão de internet, já era de noite quando saímos do aeroporto, apanhámos um autocarro local que nos levou até à zona de Thamel, no centro da cidade e com mais oferta de alojamento. A confusão é muita, o pó no ar também e o trânsito é caótico. Estávamos cansados e sem alojamento, um, dois e ao terceiro ficamos, hora de descansar bastante, não dormimos em condições há dois dias.

Já de dia deu para perceber melhor que, à exceção de uma zona da cidade mais turística, o bairro de Thamel, tudo é muito sujo e poeirento como nunca tínhamos visto, e convém dizer que já estivemos em vários países com o mesmo problema. Fomos a alguns dos pontos de interesse e é importante referir que aqui também fazem bastante discriminação, neste caso negativa dos turistas, o preço para nós é quatro vezes mais alto do que para alguns asiáticos e os locais não pagam. Por exemplo, para a praça principal da cidade, que ficou bastante afetada depois do terramoto, o preço é de 8€, achámos muito caro, principalmente porque não nos parece que o dinheiro tenha o restauro da zona como fim.


Num desses percursos, passamos por uma espécie de lugar de culto, onde fazem a cremação dos corpos, ali bem junto da estrada, cenário um pouco difícil de assistir, para quem como nós não está habituado a estas "tradições".
Já na zona de Patan (cerca de 6km de Kathmandu), a praça, também com o mesmo nome, está bem mais preservada e até dava mais gosto visitar, não fosse o valor da entrada, mais uma vez. É fácil e barato chegar lá em transportes públicos, basta perguntar a algum local qual o autocarro mais apropriado.

O pessoal é muito simpático e um "namastê" sai sempre, bem como "de onde são?", na terra onde nasceu Buda não podia ser de outra forma, não é?


Estivemos 3 dias até nos mudarmos para Phokara, a segunda maior cidade do país, são apenas 200km, mas demorámos sete horas de autocarro para fazer o trajeto, se bem que parámos umas quatro vezes. O trânsito é intenso e a estrada bastante sinuosa, vale pela paisagem muito bonita, por sinal. Todos os dias há dezenas de autocarros a fazer o percurso, por norma, às 7 da manhã. Aparecemos no dia e compramos mesmo a li o bilhete, os preços variam entre os 5€ e os 20€, consoante o conforto que oferecem, se bem que parecem muito parecidos.


A cidade é bem mais calma e a zona do lago é a mais procurada pelos turistas. A oferta é enorme, tanto de hotéis como de restauração, agências para atividades então, nem se fala.

Alugamos uma mota, bem fraquinha por sinal, para explorar um pouco a zona, já tínhamos saudades de usar o nosso meio de transporte favorito por estas bandas. As estradas são sinuosas e de qualidade duvidosa, mesmo com seguro se não se sentirem á vontade, não vale o risco.


Lá fomos bem devagar montanha acima, na busca de um dos miradouros encontramos um casal, que estavam a fazer de mota (110cc dos anos 80), da Malásia até à Alemanha, ele australiano e ela alemã, é cada verdadeiro que se encontra. Passamos o resto do dia com eles a explorar a zona, mais tarde ainda fomos jantar e conversar até ficarmos cansados, de tantas histórias que tinham para contar, temos mantido contacto pelo wattsapp, porque estes malucos, nem facebook, nem IG têm.

O plano era ficar uns 3 dias também em Phokara e depois fazer um trekking de 6 dias numas montanhas relativamente perto, mas uma amigdalite impediu que o fizéssemos. Já ali estávamos há cinco dias e ainda havia esperança.
Acabamos por mudar de planos, as temperaturas na montanha estão negativas durante a noite e decidimos não arriscar submetermo-nos a um esforço físico considerável sem o menino estar a 100%, sim porque a ideia era ir até aos 4500m e não é assim tão simples quanto possa parecer, principalmente não estando em forma, ficará para uma próxima.

Fomos então para sul em direção a Lumbini, terra onde nasceu Buda, fica apenas a duzentos quilómetros nas terras baixas do Nepal, mas numa estrada de montanha cheia de curvas cegas e retas invisíveis, a única coisa que se vislumbrava era o pó, foram mais de sete horas de caminho. É caso para dizer que com tanta turbulência chegámos com o coração nas mãos e os intestinos a sair pela boca.


Foi criado um complexo com templos budistas de vários países que seguem a religião nos arredores, são todos gratuitos à exceção do principal, que tem um custo 4€. A zona do complexo tem a estrada em obras, pelo que o pó é ainda mais do que o costume, foi ali bem perto que ficamos alojados. A zona e apesar de receber vários turistas e peregrinações, é ainda bem tradicional e pouco desenvolvida.



A próxima paragem foi no parque nacional de Chitwan, ficamos alojados na vila de Sauraha, um pouco mais para o interior numa zona ainda mais rural. Era talvez o sitio mais limpo que tínhamos visto até ali no Nepal. Falámos precisamente sobre isso numa das voltas de bicicleta pela zona mais rural, ainda há algumas casas que têm o chão em terra batida, mas onde não se vê lixo nem sujidade, o país é o mesmo a educação também, por serem mais ricos monetariamente também não é, será sempre uma questão de brio e de não de se ser porco. Serve para aqui, como para qualquer lugar no mundo.



Acabámos por não entrar no parque, achámos demasiado caro, mas ainda assim foi possível ver rinocerontes, crocodilos, veados e elefantes, estes últimos mais usados e, estupidamente para o entretém do turista, enfim! O engraçado desta vila é terem um rinoceronte de estimação, que anda mesmo por ali no meio das ruas, não deixando de assustar na primeira vez que o vemos.


Seguimos novamente para Catmandu, precisávamos de ir à embaixada da Índia fazer o visto, também dá para fazer online, e até é quase 3 vezes mais barato, o problema é que só dá para entrar de avião e os voos estão muito caros, portanto queríamos ir por terra...Dramas do dia a dia do viajante.

Entretanto, depois de preenchida e imprimida a papelada na internet, de termos tirado uma série de cópias e pago 100€ cada um pelo visto, não reembolsáveis se for rejeitado, e enquanto esperávamos pela aprovação, estivemos em Nagarkot e Bhaktapur durante uns cinco dias.
A primeira, uma pequena aldeia já a 2800m de altitude, onde parte do percurso é feito em terra pouco batida, no caso, e com taxa de entrada de 3€, mas com uma excelente vista para alguns do picos mais altos do mundo, entre os quais o Evereste, mas que, devido à névoa ou poluição, não sabemos muito bem, apenas esporadicamente os conseguimos ver.

A esta altitude já deu para sentir um friozinho bom, o alojamento, claro está, não tinha aquecimento e com um certificado energético lá para perto do Z, só de casaco conseguimos adormecer.

Voltámos para o vale de Catmandu, onde está a cidade histórica de Bhaktapur, também muito afetada pelo terramoto, mas é possível ver que estão a trabalhar bastante na reconstrução e daqui a uns 2, 3 anos já deverá estar em bem melhor estado. No centro histórico não andam carros, o que ajuda a não ser tão poeirenta e caótica como Catmandu. Esta cidade também tem uma taxa de entrada, neste caso 12€, bem caro para o nosso registo, no entanto, ninguém nos pediu.


E foi em Bhaktapur, que tem talvez a maior concentração de templos e edifícios históricos do Nepal, que tivemos o episódio mais engraçado e interessante da nossa passagem por este país. Num dos nossos passeios aleatórios pelas ruas labirínticas, apercebemo-nos de uma cerimónia que envolvia o sacrifício de um bode.


Aproximámo-nos para tentarmos perceber o que ali se passava, logo nos abordaram alguns dos participantes a explicar que era a festa dos 10 anos de um miúdo, momento que simboliza a sua passagem à idade "adulta". O tipo de celebração varia consoante a casta, para os Hindus é uma das cerimónias mais importantes.
Ofereceram-nos uns copitos de vinho de arroz e até uma espécie de bagaço, fomos abençoados com aquela "pinta" na testa, característica típica dos hindus e ainda nos convidaram a aparecer mais tarde para a festança, evidentemente que aceitámos.


Ficámos surpresos com a quantidade de gente que lá estava, eram mais de 200 pessoas, praticamente todos da família, menos nós. Fomos muito bem recebidos e, como em qualquer outra festa, não faltou música, bebida e comida. Neste último caso, foi da forma mais tradicional e característica da zona, sentados no chão e a comer com as mãos, todo o banquete servido, cabrito, búfalo, legumes, cereais, iogurte e uma série de molhos, assim tudo misturado, e estava realmente saboroso, talvez a melhor refeição no Nepal. Tínhamos chegado por volta das seis da tarde e já eram dez quando chegámos ao alojamento, já não andava ninguém na rua e os donos já estavam algo preocupados, são as vantagens de se ficar em alojamentos familiares, passamos a ser da família.


Regressámos a Catmandu novamente para concluirmos o processo do visto, que foi aprovado. Ainda tentámos sair do país no mesmo dia, mas o único autocarro que faz o percurso que pretendíamos já estava cheio, pelo que ficamos mais uma noite, aproveitamos para lavar a roupa e cortar o cabelo do menino e pintar o da menina.
Saímos no dia seguinte, foram quase 24h de autocarro até Bodhgaya, na Índia.


Curiosidades:


Chegámos ao país pelo aeroporto de Catmandu vindos dos EAU e Irão e daí saímos para Phokara, passando por Lumbini, Chitwan, Nagarkot, Bhaktapur e novamente Catmandu. Daqui apanhámos um autocarro que nos levou até à Índia. Não conseguimos ir à alta montanha, onde só se chega a pé, e foi uma pena, porque provavelmente é do melhor que se pode fazer por aqueles lados.

O custo de vida é baixo e consegue-se viajar de forma bastante económica, mas como uma das principais fontes de receita do país é o turismo, tudo o que é para turista tem os preços bastante inflacionados, até pelo governo. Por isso, é necessária alguma pesquisa prévia de preços. Note-se que quase todos os produtos embalados têm o preço gravado junto da data de validade. 


Depois de um mês no Irão, vínhamos com vontade de uma cervejinha, mas não tivemos grande sorte, até porque é bastante cara, tendo em conta o custo de vida, nos restaurantes ronda os 4€(600ml).
Diríamos que é uma mini Índia, até porque muitos locais se parecem com os indianos, tendo mesmo algumas das castas Indianas. Mesmo em termos de religião a maioria dos nepaleses são Hindus, apesar de Budha ter nascido no Nepal.

Não encontrámos nenhum ATM que não cobrasse taxa aos cartões estrangeiros, que ronda os 2.5€ por levantamento, safou-nos como sempre o Revolut, minimizando as taxas a pagar.

Cartão de internet custou 10€ com 28gb para 1 mês.

As estradas sinuosas e em mau estado, juntamente com o trânsito intenso, tornam as deslocações demoradas e cansativas. Nas cidades e vilas, pelo menos naquela altura do ano, come-se pó a toda a hora, pelo que está longe de ser o país mais limpo do mundo, foram poucos os lugares onde estivemos em que o lixo no chão fosse uma realidade.


Gostámos da comida e da simpatia das pessoas, muita gente fala inglês, até os mais pequeninos. Para além disso, é um país muito seguro, pelo que será difícil terem problemas de segurança. No centro de Catmandu principalmente fomos bastantes vezes abordados, para ver se queríamos droga, pelo visto o estrangeiro não vem só aqui pela montanha.
Ali, quase toda a gente tem um negócio, é impressionante.



Curiosidade: o preço de um carro daqueles mais pequenos ronda os 25mil€, caríssimo para um país com os rendimentos que a maioria tem. Por outro lado, se fossem mais baratos, o trânsito ia ser de tal ordem que ninguém se mexia. Já o combustível, e seguindo a lógica de todos os outros por onde temos andado, ronda os 0.85€/litro, ainda não foi desta que encontrámos um mais caro do que o nosso.
Os autocarros e carrinhas são, juntamente com as motas, o transporte mais usado. Para distâncias até 15km não deverão pagar mais do que 0.2€ por viagem(autocarro).

Visto é obtido à chegada e pode ser de 15 , 30 ou 90 dias. Optámos pelo de 30, pagámos 45€ (pode-se pagar em várias moedas), foi 20€ mais caro do que aquilo que tínhamos lido na internet.
Mais info aqui.

Nepal

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2 comentários:

  1. Ahhhh que bom ler as vossas aventuras! E que saudades do Nepal!
    Andávamos pelo Nepal quando vocês nos começaram a dar preciosas dicas...obrigada! Também pagámos mais do que achamos valer pelo acesso a uma das praças, e noutra também não nos pediram (e nós não entrámos pelo acesso turístico ahah)

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  2. Obrigado pessoal, bom...bom, é ter oportunidade de conhecer malta como vocês, haja algo de bom das redes sociais :)
    Uma pena lá e noutros lados, o dinheiro não ser usado naquilo que realmente é necessário.
    Grande abraço

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