Cabeçalho

Cabeçalho

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

INDIA

Incredible India, no país onde tudo pode acontecer


A viagem de autocarro mais longa de sempre!
Foram quase 24h de viagem, saímos às 19h de Catmandu e rondavam as 4 da manhã quando chegámos à fronteira com a Índia, do lado nepalês faltava o carimbo e lá tivemos que acordar o pessoal do serviço fronteiriço. Uma pequena caminhada até ao lado Indiano, estes já tinham acordado, mas o processo demorou o mesmo tempo do que se o tivessem feito a dormir.

Nós e um casal tibetano éramos os únicos estrangeiros. Mais tarde, disseram-nos que tinham fugido para a Índia aquando da invasão chinesa do seu país depois emigraram para o Canadá.


Quando se vai viajando por terra, o choque e as diferenças são menos visíveis. Apesar do Nepal ser uma mini Índia, deu para perceber com alguma facilidade onde estávamos agora.
Bodhgaya foi a primeira paragem, pequena vila que é hoje lugar de peregrinação para muitos Budistas, uma vez que foi ali que Buda esteve em meditação por umas boas semanas e onde atingiu o famoso "nirvana", que todos procuram, pelo menos os budistas.
Decorria uma espécie de festival e estava gente de toda a India, os alojamentos estavam quase todos esgotados, mas lá arranjamos um. Impressionante foi também a quantidade de pessoas com deficiência e deslocados que ali estavam, uns a dormir na rua outros numa espécie de tendas, começaram ali os primeiros murros no estômago.
Já do complexo religioso propriamente dito não há registo fotográfico, porque é proibido entrar com telemóveis.

A paragem seguinte foi Varanasi, conhecida por ser a cidade espiritual da Índia. E mesmo depois de nos terem desaconselhado a ir de autocarro, fomos na mesma, isto porque para ir de comboio teríamos que andar para trás. Ao invés das 6h que nos tinham dito, acabaram por ser 12, aconteceu quase tudo, primeiro, um problema na caixa de velocidades, seguida de uma fila com mais de 20km, um pneu furado e, por fim, uma operação policial que nos reteve 1h, porque queriam uma licença que ninguém sabia que existia, mas que no fim não deu em nada.

Chegámos exaustos, e já ao final do dia, tínhamos acordado antes das sete, e aqui sim o impacto foi forte, a fumaça no ar era perceptível a uns bons quilómetros, esta cidade é louca e de muitos extremos, ao mesmo tempo carregada de emoções fortes, a parte que achámos mais interessante e que por si só merece a visita é a das "ghats"(escadarias) ao longo do famoso rio Ganges, rio sagrado para os Indianos. Tem uma vida e vibe incríveis, onde muitos tomam o seu banho rejuvenescedor e purificador, outros cortam o cabelo, os miúdos jogam críquete ou lançam papagaios, outros pescam ou lavam a roupa, naquele que é um dos rios mais poluídos do mundo. Mas o que o diferencia são as cerimónias ao nascer e ao pôr do sol, que acontecem diariamente e são muito interessantes de presenciar. Nesta altura do dia são muitos os Gangas na zona, uma espécie de monges, mas dos Hindus, uma figura característica desta zona que se despojou de bens materiais e vive da ajuda dos outros.

Para além disto, e não menos marcante, aliás, talvez a que vai ficar na memória por mais tempo, são as duas zonas onde fazem a cremação dos corpos e não só pela cremação propriamente dita, que acontece 24h durante os sete dias da semana, mas por estarem também bodes, cães e até vacas no mesmo local onde os corpos vão sendo queimados a comer não se percebe muito bem o quê...
A fumaça no ar é constante, pelo menos durante os dias em que lá estivemos. Para além disto, ainda se vislumbram alguns homens a "peneirar " a água nas margens do rio em busca de ouro ou outros materiais de algum valor, disseram-nos que eram os que são das castas mais baixas.
Preparem-se para o resto da cidade, talvez a mais imunda onde já estivemos.
Algumas das melhores refeições na Índia, nós que somos fãs da comida indiana, foram ali, estávamos no alojamento que ao mesmo tempo era a casa dos donos, e jantávamos lá, muito bom mesmo.

A paragem seguinte foi Lucknow, desta vez de comboio, pela primeira vez, para começar experimentamos a sleeper com AC, uma espécie de terceira classe.
Com mesquitas, antigos palácios e mais uns quantos monumentos bem bonitos, ficámos pouco mais de 24h, e foi suficiente. Claro que tirando isso, é mais uma típica cidade louca indiana, mas gostámos.

Já perto da meia-noite, apanhámos o comboio noturno até à famosa cidade de Agra, onde está uma das sete maravilhas do mundo, o Taj Mahal e, claro, não correu conforme o previsto. Quando saímos já passava das 3 da manhã, estávamos cansados e com algum frio ali junto da plataforma, no norte da Índia, também faz frio no inverno, por ali também estavam algumas vacas e alguns macacos a tentar matar a fome nos caixotes de lixo, continua...


Entretanto respondemos á pergunta que muitos nos iam fazendo por aqueles dias.
"Mas então o que estão achar da Índia?"

Pois bem, confessamos que de tanto ouvirmos falar de esquemas para enganar turistas, entrámos com os dois pés atrás (neste caso, com os quatro). No entanto, a coisa foi-se revelando não tão má como estávamos a pensar e, aos poucos os pés vão dando pequenos passos.
Claro que já fomos abordados 1500 vezes para nos tentarem vender artigos, claro que já devemos ter pago mais por tuk tuks ou pela fruta, claro que já nos disseram que o monumento tal está fechado.
Mas também já conhecemos pessoas muito boas, e com boas intenções, vimos monumentos incríveis e únicos.

No entanto, o que mais nos tem impressionado tem sido ver tanta pobreza e as condições em que muito deste povo vive, um verdadeiro "shithole" (em inglês não soa tão mal). Mas pior do que isso é ver a indiferença com que lidam com isso. Que mal tem comer mesmo ao lado de merda de vaca ou de porco? Que mal tem lavar as loiças mesmo ao lado do esgoto? Que mal tem os miúdos descalços ou semi nus brincarem no meio desta pocilga toda? Que mal tem urinarem em tudo quanto é lugar? Que mal tem atirar o lixo do comboio ou do autocarro?


Aos olhos deles não tem mal nenhum e, depois de algum tempo aqui, aos nossos olhos também passa a ser um pouco indiferente. Isso sim nos tem deixado com algumas dores de barriga, isso sim nos tem deixado a pensar na mística ou essência da Índia que muitos falam e que ainda não percebemos bem a que se referem.
O que são os "xico" espertos dos tuks tuks ou os finos dos angariadores ao pé disto? Como diz o outro, são peanuts.

As horas iam passando e não chegávamos de forma nenhuma, até que surgiu a informação que o comboio já não parava em Agra, mas a 50km já depois da cidade, meio atarantados lá saímos e com alguma sorte conseguimos apanhar um que seguia na direção que queríamos numa outra linha, uma hora depois e já lá estávamos. Instalamo-nos num dos muitos alojamentos disponíveis, tomamos um duche e fizemos uma soneca rápida e fomos dar um giro até à zona do Taj Mahal, talvez o monumento mais conhecido da Índia, ficamos até surpresos com a zona, bem mais limpa e arranjadinha do que o que tínhamos visto até aqui.
Tínhamos planeado ir nesse mesmo dia (5ªf), mas com os atrasos já não deu e, para nosso azar às sextas está fechado. Demos umas voltas pela zona mais antiga da cidade e o glamour já é outro, mas nada que não estivéssemos à espera.

Já no sábado, bem cedo, e apesar do nevoeiro não permitir ver grande coisa fomos na mesma e foi uma excelente decisão, estava um cenário idílico, muito bonito mesmo e até ajudava a disfarçar a quantidade de malta que já lá estava, gostamos mesmo, tínhamos algum receio que fosse uma desilusão, mas não, é lindo. Compramos o bilhete na hora e á semelhança de outros lugares, pagámos com o Revolut, curiosamente o valor do bilhete era mais barato do que para quem pagava em dinheiro.

Já de tarde seguimos para bem longe dali, já junto ao Paquistão, fica Amritsar, terra dos Sikhs, que são aqueles moços que usam uns panos na cabeça e parecem os génios da lâmpada ou os Smurfs. Chegámos no dia seguinte de manhã, ali fica talvez o principal templo desta religião que mistura o islamismo com o hinduísmo e tem uma história bem interessante. As ruas que estão na zona junto ao templo dourado são mesmo muito bonitas e foram até agora o sítio mais limpo que vimos na Índia.

Já no interior do complexo, sente-se uma vibe especial, ali oferecem comida a milhares de pessoas todos os dias, onde qualquer um pode comer em troca de algum trabalho.
Perdemos um pouco da vibe assim que entramos dentro do tempo propriamente dito e nos apercebemos da quantidade de dinheiro que ali era deixado pelos fieis e recolhido para uma caixa gigante com uma espada enorme por um dos Sikhs, coisas da religião.


Fomos ainda à fronteira assistir à cerimónia de fecho diário da fronteira e nunca pensamos assistir a tal "circo", principalmente entre dois países em conflito. Bancadas cheias de um lado e outro, música aos berros e coreográficas à Bollywood, foi surreal e curioso ao mesmo tempo.

No alojamento e pouco habituados a ocidentais, íamos fazendo quase de figurantes, tal era a quantidade de fotos que nos iam tirando, no espaço do hotel.


De Amritsar seguimos em mais um comboio noturno por umas 15h até Jaipur, entramos no conhecido Rajastão.


Na altura tínhamos escrito isto...

"E hoje, completámos 3 meses em viagem ou 15, não contando com a paragem, é como quiserem. Temos feito demasiados km's em pouco tempo. São muitos dias seguidos a explorar os locais sem grande descanso, uma vez que vamos fazendo as deslocações durante a noite nos comboios indianos, sem uma praia com palmeiras ou uma cervejinha e estamos exaustos. Isto porque vamos passar o Natal com uns amigos no sul da Índia e sem voar, é preciso castigar um pouco o corpo, para percorrer tais distâncias."

Visitámos Jaipur e Jodhpur, a primeira apelidada de cidade rosa e a segunda de azul. Ambas com bonitos fortes, impressionantes até, as famosas escadarias e principalmente em Jaipur, com uma série de palácios. Em Jaipur fomos algo "assediados" por burlões, daqueles que vêm com conversas da carochinha e a quem se paga muito pouco por um tuk tuk, para depois nos levarem às lojas onde recebem boas comissões em produtos com preços bem inflacionados, nada de novo, o problema é que não lidam bem com a rejeição e são mais agressivos.


A táctica usada por alguns deles foi usar o argumento do racismo, nosso para com eles, para nos darem a volta, mas bateram à porta errada e não tiveram grande hipótese.
Ali não resultou o trunfo que temos usado numa série de sítios na Índia e que foi dando bons frutos quase sempre, que é, quando nos perguntam de onde somos, para perceberem também se é país com dinheiro, dizermos que somos Iranianos, é tiro e queda, bazam logo.

Em Jodhpur houve ainda oportunidade de ter uma das melhores experiências num barbeiro de sempre, para além do corte de cabelo(mal feitinho), receber uma bela massagem na cabeça, que mais parecia estar a ser espancado, mas foi muito bom, claro está no final queria cobrar este mundo e o outro, mas lá chegamos a um consenso. Podes ver aqui.

Dali fomos para Mumbai no comboio noturno, mais uma vez. Não podemos dizer que foi uma viagem fácil, o sistema deles é um pouco estranho, porque vendem bilhetes a mais em relação aos lugares disponíveis, contando com os cancelamentos, que são muito comuns, como não havia lugares disponíveis, recebemos uma mensagem a dizer que o lugar não estava confirmado (na prática foi cancelado, mas não sabíamos), duas horas antes, sem grandes alternativas fomos na mesma, na esperança de nos atribuírem outro lugar numa outra classe, mas não...de forma bastante arrogante, sempre a empurrar para o próximo fiscal e sem solução à vista, mudámos de lugar algumas vezes, até termos ficado no lugar de uns senhores que diziam para não sairmos dali. Algumas ameaças e uns quantos homens que vinham para ali mandar vir com os brancos e muito stress depois, surgiu o convite de dois amigos que amavelmente nos cederam uma das camas (são individuais) onde podemos finalmente descansar, só pelas quatro da manhã e com novos fiscais conseguimos lugar.

Mumbai é gigante e estávamos tão cansados que não saímos praticamente da zona onde ficamos alojados (longe de ser a zona mais "in" da cidade). Tínhamos uns conhecidos que moravam na cidade, mas por azar estavam for num casamento, decidimos seguir caminho, rumo ao sul.

Desta vez no autocarro noturno para Goa, com cama para os dois, durante umas boas horas e alguns saltos, mas acabámos por chegar, finalmente algum descanso, nesta terra tão familiar para nós portugueses, como lá estivemos por duas ocasiões resumimos mais tarde a passagem. Depois de Goa, seguimos novamente rumo a sul e fomos apanhados...

Escrito na altura


No meio de uma revolução!


"Um pouco por toda a Índia há manifestações, isto porque, para combater a emigração ilegal, dizem eles, vai dar-se início a uma espécie de novo registo de identidade em que todos os cidadãos e seus descendentes, para serem reconhecidos como Indianos, têm que comprovar com algum documento ou algo parecido que vivem no país há pelo menos 12 anos. Como é óbvio, para muitos será difícil provar isso e, se não conseguirem, perderão o direito à habitação, trabalho, passaporte, assim como todos os bens imóveis que possuam (pensamos que é mais ou menos isto). Na prática, o que pretendem é expulsar do país uma grande parte da comunidade muçulmana, que é bem significativa, e não só.

Não se fizeram esperar os protestos e têm vindo a intensificar-se por mais zonas. Para nosso espanto, quando nos aproximávamos de Mangalore, cidade onde íamos ficar durante uma noite rumo ao sul (Varkala), e pouco antes de ficarmos sem net(porque foi cortada), vimos a notícia de vários confrontos no dia anterior onde morreram 2 homens (supostamente alvejados pela polícia). Assim que chegámos às imediações da cidade, eram bem visíveis as barreiras policiais e o trânsito praticamente inexistente, uma vez que impuseram o recolher obrigatório, o "curfew".

Mal saímos do autocarro, fomos abordados pela polícia, que nos aconselhou/obrigou de forma, bastante simpática, a esperar alguns minutos ali até nos levarem ao hotel, bem mais barato do que um tuk tuk, comentamos entre nós. Explicaram-nos o que se estava a passar durante o percurso que, aliás, foi bastante curto. O relógio dizia que estávamos perto da meia-noite, mas nem parecia a Índia, não havia ninguém na rua...

No dia seguinte, a mesma coisa, tudo fechado. Por sorte, tínhamos dinheiro, porque nem os Atm estavam abertos. O nosso bilhete de comboio foi cancelado, mais uma vez, os autocarros não entravam na cidade e a única solução foi ir à estação e comprar 2 bilhetes na classe geral, sim aquela em que vai tudo ao molho, a mais baixa de todas das cinco existentes. O valor é incrivelmente baixo e, claro, o conforto é à proporção, assim como uma espécie de sardinhas em lata. Estávamos 6 pessoas no lugar de 4, ia inclusive gente no lugar das malas em cima de nós e muitos foram de pé durante horas quase sem espaço para se moverem. Ir ao WC é tarefa quase impossível, só visto mesmo, mais tarde já não dava mesmo até porque estava gente dentro do próprio wc. Para nós foi uma vez, para muita desta gente é algo que acontece com regularidade. Dizia-nos a senhora que estava em frente a nós no início da viagem, que em viagens longas, muitas mulheres usam fralda, porque têm algum receio de atravessar a carruagem para ir ao wc, para além disso é quase impossível passar, até porque mesmo que conseguissem já não iam ter lugar no regresso. Realidades..."


Finalmente, chegámos a Varkala, estourados mas ainda deu para esticar um pouco as pernas e fazer uns 3km da estação até ao alojamento, perto da praia.
Ficámos uns dias em Varkala e ali passámos o Natal com a Carla e o Joel, amigos que conhecemos e nos deram dormida em Macau. Foi muito bom, deu para recarregar energias. A zona é agradável e as águas são aquecidas, já no nosso alojamento para os banhos era da mais fresca. A zona é boa também para quem gosta de umas ondas, não é o caso dos Indianos, pois são poucos os que sabem nadar e se viram ali aflitos algumas vezes, ainda ajudamos dois miúdos que se estavam a afogar.

Seguimos para Kollam e dali apanhámos um ferry até Alleypay por 8h. Foi uma viagem muito agradável pelas famosas "backwaters", muito bonito mesmo! Pagámos 5€ cada, muito mais em conta do que os barcos turísticos que andam pela zona e, no fundo, passa-se praticamente nos mesmos sítios. Já era noite quando chegámos e qual é a probabilidade de nem eles nem nós termos quarto? Alta, estamos na Índia!

Por motivos diferentes, os proprietários disseram que não ia ser possível ficarmos lá...O nosso, porque tinha havido um curto circuito e não tinham luz, o deles porque uma hóspede partiu a perna no alojamento e ia ter que ficar lá. Fomos então para outro alojamento, á boleia do dono que não nos pode receber. Ainda demos umas voltas até conseguirmos jantar, estava tudo cheio porque havia uma festa hindu.

No dia seguinte, seguimos cedo até Kottayam no barco público, 3h por 0,25€, há preços que são difíceis de explicar. De lá até Munnar de autocarro por umas 4h, chegámos já de noite também ao alojamento que ficava a alguns kms da vila e assim para o cansados. O caminho para lá era mesmo no meio da floresta e não havia grande luz para além das dos telemóveis, mas lá conseguimos encontrar, pouco depois já estávamos a jantar o que nos tinham preparado.
Munnar é zona de campos de chá e de parque nacional, muito bonita a paisagem, para além de um passeio porreiro, foram duas noites no sossego, onde pouco mais se ouvia para além dos pássaros.

Voltámos à costa, desta vez para Cochin, ficámos na zona antiga, repleta de casas e edifícios históricos, já estava tudo em preparação para a passagem de ano. No dia seguinte despedimo-nos da malta e no dia 31 foi a nossa vez de seguirmos de comboio, 3h para norte. Estávamos a caminho de Goa novamente e nos dias seguintes ia ser difícil arranjar lugar disponível.

Acabámos por passar o ano em Calicute, que para variar(aconteceu o mesmo no Vietname, no ano passado) não tinha festa de passagem de ano, disseram que era por questões de segurança. Tranquilos, aproveitamos para descansar e no dia 1, depois de uma série de pesquisas, foi dia de comprar alguns voos para os próximos destinos, como para alguns países é obrigatório ter voo de saída e outros podem ficar mesmo muito caros, decidimos não arriscar e compramos 6 voos, mais para a frente já vão perceber para onde.

Chegou a vez de Goa

No dia 2 de Janeiro ao anoitecer chegámos finalmente a Palolem, a praia do sul de Goa que escolhemos para passar uns dias.

Estivemos no estado Goês, o mais pequeno da Índia, por duas vezes.
Se da primeira passagem explorámos mais a zona norte, as praias de Anjuna (terra de hippies e expatriados de outros tempos), ou Arambol e Mandrem, que estão mais na moda e onde aproveitamos para descansar e usufruir desta zona que é bem agradável.
Na segunda, ficámos uns dias na bonita zona de Palolem que ganha o prémio da praia mais colorida de sempre, muito por culpa dos bungalows e restaurantes coloridos mesmo em cima do areal.


Já em Panjim, a capital do território, ou Margão por onde também passámos, os traços da nossa presença são mais que muitos. E se os nomes de diversos espaços comerciais ou ruas são facilmente reconhecidos, a arquitetura de muitos edifícios não fica atrás, mais ainda na zona das Fontainhas ou Velha Goa, onde estão uma série de igrejas Católicas. Aproveitámos para matar saudades de um ou outro paladar familiar, já que não são assim tantos, ou estão com aquele toque (picante) indiano.


Em Panjim tivemos ainda oportunidade de conversar com 2 habitantes, já com mais de 70 anos, que ainda falam na perfeição a língua de Camões e perceber que existe algum saudosismo desses tempos.
Menos agradável era a infeção urinária que estava a chatear a Lili e não havia forma de passar, aproveitámos para ir a uma clinica, que nos recomendaram e trataram super bem, dois dias depois estava bem melhor, é por estas e por outras que não viajámos sem seguro.

Já ouviram dizer que o barato sai caro? Foi o que aconteceu ali, a nossa presença coincidiu com a época alta e, como queríamos ficar nesta zona das Fontainhas, optámos por ficar num alojamento com dormitório, algo que fazemos muito raramente, porque muitas vezes não nos compensa, neste caso era apenas de quatro camas, sendo que uma estava vazia. Para nosso espanto, e depois de termos chegado a Hampi num autocarro noturno de 12h, demos pela falta de um valor equivalente a 200€. Pouco ou nada havia a fazer, mas terá sido quase de certeza o artolas que lá estava, ocidental por sinal, que nos roubou, até porque foi o único momento em que deixámos a nossa mochila de mão só, aquando do peq. almoço que é servido a 3 metros do quarto. Enfim, todo o cuidado é pouco.

Hampi foi uma agradável surpresa, lugar bem diferente do que já tínhamos visto até aqui, assim uma espécie de jardim de penedos, com rio, bananeiras, palmeiras e templos que não acabam. Fizemos a zona a pé, apesar do calor. O ideal é alugar uma bike, até porque a área ainda é grande, ou um rickshó para os mais preguiçosos. Muitos dos templos são gratuitos, os restantes têm um bilhete que custa 8€. Ali as estrelas brilham também com mais força, ou então é a poluição que não é tão visível.


Dois dias depois, comprámos o bilhete para o destino seguinte, Chennai, no lado Este do sul da Índia. Foram apenas mais 14h de autocarro, com alguns saltos para irmos despertando, já que foi durante a noite. Dali saímos de avião, para o próximo país desta viagem, o Sri Lanka.

Curiosidades:

Um mês e meio que mais pareceram três.

Entrámos por uma das fronteiras terrestres com o Nepal e percorremos o país todo por terra até sairmos por Chennai para o Sri Lanka.

Todos os sentidos são levados ao limite, algo que em nenhum outro país aconteceu. Já tínhamos estado em vários países onde encontrámos o mesmo que na Índia, mas não tudo ao mesmo tempo e na mesma proporção.

Muito deste percurso foi feito de comboio, na sua maioria durante a noite. Existem 5 classes, 4 delas com cama, 1ª, 2ª e 3ª com AC, a sleeper sem AC e a geral (2º seating), a mais barata de todas, onde há sempre bilhete, porque não há lugares marcados, nem cama, e vai tudo ao molho. Para viagens curtas pode ser engraçado, nós fizemos uma viagem de 12h e não aconselhamos de todo, principalmente se tiverem claustrofobia ou se precisarem de ir ao wc, a não ser que o vosso orçamento seja mesmo muito reduzido.

Existe a aplicação para a compra dos bilhetes IRCTC, mas nem sempre estão disponíveis, os comboios esgotam com facilidade. Ou melhor, conseguem comprar bilhete, mas vão para uma lista de espera, porque há sempre desistências, e só se sabe se tem lugar umas horas antes, caso não tenham, só devolvem 80% do valor, uma bela forma de faturar mais uns trocos. Também é possível comprar na estação.
Viajámos também em autocarros com cama, embora sejam mais caros do que os comboios, são uma boa alternativa.


Para os famosos Tuk Tuk (rickshó), o preço por km ronda as 20 rupias, mas existe a aplicação OLA, se não se quiserem chatear a negociar.
Para distâncias mais pequenas, têm também os autocarros locais com preços muito acessíveis, por norma, levam o valor correto.
Baroda: o banco onde não nos cobraram taxas de levantamento, juntando a isso o REVOLUT, dá zerinhos em comissões.

Gostámos bastante da comida indiana, mas preparem-se para o picante, nunca se esqueçam de pedir sem, caso não gostem, mas não se iludam virá sempre com.
A Índia é também um paraíso para os vegetarianos, aliás, em alguns estados, é difícil encontrar restaurantes com carne ou peixe.


Não tivemos nenhum problema intestinal durante este período, mas tivemos sempre algum cuidado com os locais onde comíamos, isto é, íamos sempre a locais onde estava bastante gente e evitamos comida de rua, umas coca colas e umas bananas ajudam sempre a manter as "bichezas" longe.

Para alojamentos e, tendo em conta onde íamos chegar, conseguimos quase sempre melhor preço através do Booking (muitas vezes por sermos Genius). Atenção que os padrões de qualidade são um pouco diferentes (leiam os comentários mais recentes, pode ajudar).

Talvez por estarmos já calejados, não fomos alvo de nenhuma burla, mas houveram muitas abordagens, o monumento está fechado, o hotel ardeu, quererem levar-nos a lojas dos amigos, enfim, olho aberto como em qualquer outro lugar. Enquanto turistas, somos um alvo fácil e, lembrem-se, eles são profissionais. Claro que pagámos mais por isto ou aquilo, mas isso é norma deste lado do mundo, e não só.
Perguntar sempre o preço vai ajudar em muito nesta tarefa, é válido para a Índia ou para qualquer outro lugar.
Todas as embalagens têm o preço, por isso, é sempre fácil verificar se estão a levar a mais ou não.


Cartão SIM: comprámos naquelas lojas que vendem tudo o que seja relacionado com telemóveis e foi bem simples. Comprámos cartões para indianos e não o cartão turístico, ficou ativo na hora, custou cerca de 5€ com 1.5gb por dia. Acreditem que vai dar jeito para uma série de coisas no decorrer da viagem.

Apesar de ser um país onde é possível viajar de forma muito económica, foi o mais caro dos 5 deste segundo ano, talvez pelas longas viagens de comboio, os pelos outros serem muito baratos.
Encontrámos gente simpática em quase todo o lado, de qualquer forma, é necessário ter alguma prudência, principalmente as viajantes femininas, com o assédio de que vão ser alvo pelos sefie maníacos...não deixem abusar. No geral, achámos o pessoal no sul mais simpático e acolhedor, a maioria sem segundas intenções.
O sul do país foi também a zona de que mais gostámos, talvez seja um bom sítio para começar a explorar o país. No norte, com muito mais pobreza, lixo e poluição há que ter um pouco mais de estômago, isto principalmente para quem viaja com baixo orçamento, porque quem viaja em regime de luxo, não vê metade.


Tivemos experiências muito boas, mas também foi na Índia que tivemos as piores de toda a viagem, tudo são extremos e até nisso aconteceu.
Resumindo, é um país que deve ser visitado por tudo o que tem para mostrar e ensinar. No nosso caso, e mesmo depois do sul ter equilibrado um pouco a coisa, não podemos dizer que está nos nossos favoritos, porque íamos estar a mentir. Talvez mais tarde, tenhamos vontade de voltar, neste momento, passados alguns meses, o cansaço psicológico que ainda se faz sentir não deixa.

Visto: caso pretendam entrar por terra, o visto online, que é mais prático e barato de tirar, não funciona. Para isso, precisam de o obter numa embaixada, foi o que fizemos no Nepal, 6 meses com 2 entradas custou 100€, por pessoa, mas isto pode depender da embaixada Indiana em cada país.
Mais info aqui.

India

Com a nossa ajuda, vais planear melhor a tua próxima viagem. Aqui deixamos-te alguns dos nossos parceiros, que nos ajudam a manter o site atualizado. 

Ao reservares pelos nossos links, não tens qualquer custo, pelo contrário e estás a ajudar aqui a malta.

🚩 Faz o teu seguro com a IATI, e ainda te oferecemos 5% de desconto, não vale a pena arriscar.

🚩 Tudo o que precisas para a próxima aventura podes encontrar na Decathlon.

🚩 Evita taxas e complicações com o Revolut, manda mensagem e recebes um convite e um prémio.

🚩 Reserva o teu alojamento com o Booking, os melhores preços estão aqui.

🚩 As melhores atividades ao melhor preço com a Get Your Guide.


Venham connosco e acompanhem tudo das nossas redes sociais.

Fotos, publicações e stories na nossa página do Instagram e também no Facebook

Sem comentários:

Enviar um comentário